O mercado imobiliário brasileiro continua mostrando sinais de aquecimento, mesmo diante da percepção de preços elevados por parte dos compradores. Essa tendência foi confirmada pelo “Raio X FipeZAP: perfil da demanda de imóveis,” uma pesquisa realizada pela Fipe em parceria com o ZAP, plataforma de imóveis do grupo OLX. A pesquisa explora diversos aspectos relacionados à demanda no mercado imobiliário.
Os dados mais recentes, referentes ao segundo trimestre de 2024, foram coletados entre 10 de julho e 5 de agosto, com a participação de 646 respondentes, divididos em três grupos principais: compradores (13%) que adquiriram um imóvel nos últimos 12 meses, compradores em potencial (35%) que pretendem comprar um imóvel nos próximos três meses, e proprietários (24%) que possuem um imóvel há mais de 12 meses.
Preferências e tendências de compra
Entre os compradores recentes, 72% optaram por imóveis usados, enquanto apenas 28% preferiram novos. Esse dado reflete uma tendência de maior procura por imóveis que já estão no mercado há algum tempo, em detrimento de novos empreendimentos.
Apesar do aquecimento observado nas compras realizadas, a intenção de compra dos potenciais compradores mostrou sinais de desaceleração. Apenas 35% dos entrevistados manifestaram intenção de adquirir um imóvel nos próximos três meses, uma queda em relação aos trimestres anteriores e o menor índice registrado desde o primeiro trimestre de 2020, quando o indicador atingiu 36%. Esse recuo é atribuído, em parte, à percepção de que os preços dos imóveis estão elevados.
Percepção dos preços e expectativas
A pesquisa revelou que 79% dos potenciais compradores consideram os preços dos imóveis “altos ou muito altos”, um aumento significativo de 11 pontos percentuais em comparação ao ano anterior. Em contrapartida, a porcentagem de respondentes que classificaram os preços como “razoáveis” caiu de 22% para 15%. A percepção de que os preços estão “baixos ou muito baixos” permaneceu estável, com uma oscilação de 2% para 3%.
Em termos de expectativas, os potenciais compradores projetam um aumento modesto de apenas 0,7% nos preços dos imóveis nos próximos 12 meses. Essa expectativa é bem inferior à dos compradores recentes, que preveem uma valorização de 6,7%, e à dos proprietários, que esperam um aumento de 4,6%.
Objetivos dos compradores e proprietários
Entre os potenciais compradores, 86% declararam que a principal finalidade da compra seria o uso para moradia, com 72% deles pretendendo dividir o imóvel com alguém. Já entre os 14% que buscam um imóvel para investimento, a maioria (73%) visa à obtenção de renda com aluguel, enquanto 27% pretendem revender o imóvel após uma eventual valorização.
No grupo dos proprietários, 79% adquiriram imóveis para moradia, com 72% destinando-os para morar com alguém. Já os investidores representam 21% dos proprietários, com 72% deles buscando obter renda com aluguel, e 28% planejando a revenda futura.
Tiago Gonçalves Prestes, especialista em negócios imobiliários, comenta sobre o cenário atual: “Embora o mercado imobiliário brasileiro ainda apresente sinais de aquecimento, a percepção de preços elevados pode restringir o ritmo de novas aquisições. O desafio agora é equilibrar a demanda com os preços, especialmente em um momento em que a intenção de compra está em declínio. A demanda por imóveis usados reflete uma busca por oportunidades mais acessíveis, mas é fundamental que o mercado se adapte para continuar atraindo compradores, seja para moradia ou investimento.”
O mercado imobiliário segue aquecido, mas enfrenta o desafio de conciliar o aumento dos preços com a demanda, que começa a mostrar sinais de retração. As preferências por imóveis usados e a percepção de altos preços sugerem que o setor precisa ajustar suas estratégias para manter o interesse dos compradores, especialmente em um cenário de incerteza econômica. Com especialistas como Tiago Gonçalves Prestes apontando para a necessidade de equilíbrio, o futuro do mercado dependerá de sua capacidade de adaptação às condições atuais.